quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Semprei pensei que escrever
era algo simples: pegar um papel,
caneta preta,
falar de amores,
paisagens,
rimas abertas ou fechadas.
E assim vai seguindo...

Mas estava enganado,
é pura disciplina,
como as piores profissões.
Depois de escolhida não há volta.

Escrever sem ser disciplinado
é como fazer música sendo surdo-
salve Beethoven, ligacão entre
Deus e o homem- é como fazer cinema sendo cego.

É preciso olhar para dois velhos,
e sentir a pureza no toque das suas mãos enrugadas.

É olhar para o beijo- atencao no definitivo-
e ver a beleza dos lábios
que se tocam, e das almas que se amam.

É olhar pra quem passa fome
(não olhar passando pela rua ou pela calcada).
Olhar a tristeza nos seus olhos,
a sujeira nas suas mãos pedintes,
a feiura de seus lábios sedentos,
o ódio de sua alma.- Não me entendam mal-
Que não por ruindade odeia,
mas sim porque o amor nunca lhe foi fiel.
Quero antes de tudo:
Parar de dizer
Quero antes de tudo.
Parar de usar o primeiro pronome do caso reto.
Parar de ser tão egoísta,
e tentar fazer qualquer coisa humanista.

Poder dizer que usei os olhos
para aquilo que
eles foram feitos:
Olhar, analisar. Pensar.

Porém( e há sempre um pórem),
é algo difícil, complicado.
Não é como ir no Padeiro
e pedir pão, é como ir a
guerra e pedir paz.

É como ir a alguem que nunca amou
e pedir que ame.

Tomara que um dia
consiga parar de escrever
de dentro e mostrar
o que ta fora,
na nossa cara, batendo e espancando
e ninguém ver.

E quero antes de tudo...
domingo, 1 de novembro de 2009
Por mais que se procure.
O homem, em sua essência,
nada achará. Nada além de si mesmo.
Que se cruzem os mares.
Que se conquistem as terras.
Que se doem o amor.

o homem, em sua essência,
nada mais achará... nada além do mundo todo.

poeminha rapidinho

sábado, 31 de outubro de 2009
sorria, querida
a vida é curta
tudo passa
o resto já não é nada
terça-feira, 27 de outubro de 2009
O que há no pecado,
que é tão tentador ao amado?
Era, antes de tudo, bem servido
a ti nunca faltava nada, meu querido!

E agora depois de lencois sujos,
compromissos comrrompidos;
amores bandidos...

Terás a única coisa que esqueci de te dar:
uma morte de quem só soube te amar.

Soneto ao amor negro

segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Escrevo a distância
Por ter de lembrança
Algumas fragrâncias
De uma morena esperança

Escrevo em papel branco
Para meu amor negro
Que me faz encher o peito
Ao dizer te amo

Escrevo, antes de mais nada,
Para minha mulher amada
Para dizer que sem ela a vida é nada

E penso que se é de amor que vivo
E se é paz que inspiro
É porque fui amado pelo meu amor negro
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Falta algo dentro de mim
que faz me sentir perdido assim
em que parte do seu coracao
deixei um pedaco de mim?
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Não gosto de dar adeus.
Minhas despedidas são sempre doloridas.
O peito arde, as mãos se escorroem. A pele sente
o que vem dos olhos.
Não gosto de dar adeus!

A alma chora
o peito rebenta
e estoura.

E a brisa...
a maldita fria brisa!
Me faz me sentir
mais frio do que
já sou sem você.

Já disse: não gosto de dar adeus!
Principalmente quando é a Deus que se vão.
Consolo para os
ouvidos? Piaf!
Vem! Pardal que
voa por dentro
e desbanca qualquer
gavião posudo de pedra

Piaf! para que meu
coracao transborde,
e para que meus olhos
sejão reflexos de um
agoro passado.
E que angústia é essa?
Que me consome até o fim.
Que me faz ser rios e vulcões
Quem será, meu Deus, meus vilões...?

gramática

quarta-feira, 7 de outubro de 2009
O homem se pergunta,
faz do corpo interrogacão
do olhar reticências...
da boca exclamacão!

do amor, ponto final.
E há antes de tudo a vontade de choro.
-Não me venham com porques ou razões explicativas. Simplesmente: há a vontade de choro.
Sentimentos não se explicam. Explicam-se.
É uma vontade que faz o lirismo transbordar em lágrimas
salgadas. Que junta com outros sentimentos se transformam no detergente da alma.
Os olho, antes obscuros, se limpam e botam pra fora todo um brilho. Milagrosa lágrima!

E há antes de antes da vontade de choro,
a necessidade de amar.
domingo, 13 de setembro de 2009
onde se encontra minha consiciência?
hoje, se me perguntar não sei dizer onde está.

me transbordo de raiva
porque inconscientimente,
me vem a cabeca que
a minha, minha pobre consciência
não mais habita em mim.

penso que está
em sinopses de outras cabecas-
Em trocas nervosas de outros errantes neurônios.

Sim! penso isso porque
nada mais do que eu faco consulto se me agrada ou não.
Sempre são os outros a quem peco: perdão...

Onde está minha consciência?!

Não! não pode ter sido perdida em qualquer lugar
Pois é minha, minha pobre consciência...

Será que enfureceu-se comigo porque não mais a consultava?
domingo, 2 de agosto de 2009
porque veja, olhe, preste atenção: as rosas, elas não choram, nem morrem. todas tem suas redomas e quando murcham (não fique triste) é porque todo vermelho antes tido foi posto em algum coração disposto.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
O meu amor um maremoto, ou furacão, ou quem sabe, um terremoto. Sei lá, qualquer coisa enfurecida da natureza. É um jogador vendado e bêbado apostando sempre.
terça-feira, 21 de julho de 2009


Tomei susto na primeira vez. Nunca, repito, nunca antes tinha visto um pedinte na porta do meu edifício. A imagem lembrava a minha cidade natal, mas depois de lá ter saído jamais tinha visto pessoas assim. Não sei se fosse pelo susto, ou pela raridade de ver tal cena: sujeito sentado no chão sujo, costas encostadas na parede pintada de lodo, que me foi interessante. Era claro que algo tinha que fazer, quem sabe oferecer um prato de comida, um copo de suco, um banho, alguma muda de roupa. Optei por algo concreto.


Sou poeta e jornalista, trabalho simples, escrevo para suplementos culturais de um jornal de pequena influência. O soldo não é lá essas coisas boas da vida, porém sustenta-me e paga meus lazares pequenos: andar na praia, ver nascer do sol, alimentar pombos, dormir nu. Mas sim, de volta a minha manhã, saia para andar como de costume, passear, olhar andares e pernas. É o ócio do ofício da criação, ter inspiração. Então eis que a cena surge, ele era de feição boa, pedinte por profissão como se ver na cara, simpatizei e aí então surge a dúvida: o que dar-lhe? Algo concreto? Roupa, comida, dinheiro?


Era um pedinte engraçado, me viu e nada falou, olhou-me como quem sabia exatamente o que estava fazendo e pra quem estava olhando. Eu, culto como sou, dei meia volta e de volta no muquifo peguei e desci com Drummond, Vinícius, Pessoa e Gullar. Trouxe-lhe o melhor que havia encontrado, entreguei-lhe sem falar nada, meu braço estendido mostrava uns 4 exemplares, ele educadamente estendeu seu braço também e acolheu aquelas obras.


Da segunda vez, o susto não foi grande, pensei que ele teria ido embora, trocado de local de trabalho, arranjado algum abrigo. Mas não, ele continuava ali, sentado da mesma maneira que da primeira vez. Dessa vez fui mais prático, nada de tantos pensamentos, subi mais uma vez e trouxe-lhe comida, suco, e dessa vez, um pouco de Espanca. Os primeiros livros pareciam ter sidos apreciados, estavam com aquela cara de terem sidos folheados e lidos. Segui meu percurso rotineiro, direto para o jornal entregar meu suplemento e receber alguma coisa que pagasse luz. Chegando em tal local a surpresa: de mim não precisavam mais nada, meus serviços seriam desnecessários tendo em vista que cultura não era bem apreciado pela população. Puto que fiquei, fui andar entre árvores e voltei pra casa.


Da terceira vez, nem ao certo sabia se ele estaria lá, já desci com tudo: comida, suco, roupa e um punhado de escrituras minhas mais uma indagação na cabeça. Seria nosso primeiro diálogo. Entreguei-lhe tudo que havia trazido, e ali sentei por alguma medição de tempo que é me falha na memória.


Por fim como quem não tinha mais nada o que fazer disse-lhe meu questionamento: porque tanto mendigas, sempre no mesmo local e sempre da mesma maneira? E agora você, leitor, qual resposta acharia que nosso companheiro nos daria? Surpreso fiquei com tanta verdade que me vinha aos ouvidos naquele momento: Pela mesma razão que vocês, poetas, escrevem poemas, batem à porta dos corações alheios e sempre mendigam amor.


Subi enfurecido por dois motivos, primeiro porque verdade era, pura, branca, gelo. Segundo porque eu? Logo eu? Que me achava senhor amo do entendimento das coisas e dos amores, fui desbancado por um pedinte, que só diferenciava de mim nas roupas, na comida e no suco.

Papelaria

domingo, 5 de julho de 2009


Esta é a primeira vez que isto faço. Sentar a frente do computador, abrir folha, escrever, sem nada apagar. O que na cabeça vier é colocado. Nada de palavrinhas bonitinhas, estéticas, pensamentos anteriores, razões exteriores pelo que é escrito, paixões não correspondidas ou cartas de adeus. Apenas letras, cruas, mal feitas. Me faz ser necessário escrever, mal sei por qual razão tenho isso. Creio que deve-se ao fato de falar pouco, ficar calado, observar sempre, refletir ao fim e tentar compreender ações vistas.


Mas chega! Nada de tanto pensar! Nada de tanto compreender! Quero mistérios, ações irracionais, jogadas não pensadas, pessoas que cometam erros!- como Fernando ajuda nessas horas- Preciso, antes de mais nada, me mudar. Criar uma nova pessoa, metamorfosear. Porque a vida, meu amigo, é rápida. Nunca espera, piscoupassoupassoudenovo. E agora que na cabeça nada mais me veio, e parado estou, esperando vir o que quiser vir. Entendo por quais motivos me veio a cabeça o propósito inicial do texto. A vida simplesmente é: uma folha, um lápis e nenhuma borracha. Não existe relógio mágico, nem andarilho do tempo. Não existe tempo perdido, porque o que se perde, se recupera. O tempo não.

jl

terça-feira, 9 de junho de 2009
Amamos porque incompletos somos.
Como se Deus, de Eva tivesse
tirado a maçã pecaminosa.
Aquela que mataria nossa sede
e nosso desejo de ser e ter um ao outro.


Amamos porque de carne somos feitos.
Como se o vinho banhasse nossos
corações, e partir desse tinto
veias e artérias se pintassem de vermelho amor


Amamos porque sem amor
a vida é vaga, sem sentido:
um hiato de alegria, um barco sem rumo e sem cais.


Sorrimos pelo amor que aporta.
Choramos pelo amor que náufraga.
Vivemos, porque o amor é um mar de águas
inquietas e imprevisíveis.
Onde em portos de terras não firmes,
aventureiros corações almejam ser felizes.
o poema não é só feito de rimas e versos.
tem que nele haver a verdade do poeta,
os sentimentos de um amador:
a angústia, a dor, a paixão, o sofrimento, a ingenuidade de uma criança.
alegria... nunca pode faltar


aquele poema que preza apenas pela boniteza
de suas letras, de suas palavras, de suas estrofes,
não é um poema, é um passatempo.
daqueles que passam bem rápidos e não marcam nem o dedo da alma.
é necessário que algo seja dito,
que pessoas sejam mostradas,
que mortes sejam publicadas,
que doentes sejam curados.


é indispensável que haja um amor:
entre a caneta e o papel,
entre a mente e a alma.


é necessário que haja o amor
entre o poeta e a ...
Hoje, de perto, vi o amor:
ele dói, corta, corrói.


Ei, amor, porque comigo não fala?
Esqueceu que nossas vidas foram conjugadas?


E que longe de você tudo complica,
calma, minha alma explica:

Eu te amo.
Parto

me beije, sugue todo o meu doce amargo
me lamba, carregue embora o meu sabor de saudade
me morda, deixe em mim sua forte marca
me sorria, roube de mim essa imensa alegria
me sangre, descarregue em mim seu veneno bondoso
me embriague, para que tudo fique mais fácil
me ame, porque já vou, e vou me matando pra em você nascer.


Uma lágrima cai
Um corpo, puro, de cal se desfaz


O peito se abre,
O sol se expande,
A alma se chora...


Assim segue o homem
Cujo o sangue corroí com rapidez
Aquilo que já amou mais de uma vez

terça-feira, 21 de abril de 2009
Existe nos amantes,
um soluço que engasga o coração,
uma fraqueza que moe as pernas,
uma tremidão que range os ossos,
um arranhar que rasga as costelas,
um remexer que rompe as vísceras.
um calor e frio.
uma dor a fechar os olhos.
um parar que para o coração,
quando o amado, de repente, toma de prumo veias alheias
terça-feira, 3 de março de 2009
Hoje vou cantar,
cantarei amor, alto e gritante.
Então! que portas sejam escancaradas,
e que paredes sejam derrubadas aqui no meu coração

Assim será o meu amor: puro, calado
afagado, um tanto atormentado
mas ainda sim será meu
o maior dos amores

Farei inveja a vocês
preguiçosos. Vejam: Eu amo!
Sintam em mim esse suspiro

Direi que sou( dos poetas pequenos)
o mais alucinado e iludido

Espalharei em todos o perfume
de um amor carente e amável
daqueles que não existem
Venha-te, senta-te aqui, à beira
Molha-te os pés e fita o horizonte
Espera-te calma e lentamente.
É um processo que digere o tempo e gera paz.

Respira-te fundo, o fundo dos males
Expira-os longe, onde a brisa os carregue.
Apodreça o relógio, não dê corda.
Se puder beba um pouco( não muito por causa do sono).

Para-te e deixe que entre,
irá percorrer todo o corpo e a alma.
Fecha-te os olhos, não muito
pois de súbito, como o amor, pode esvanecer...
 

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